Com o piano presente na sua vida já mesmo antes de ser gente, João Paulo Esteves da Silva explica que sem música é (muito) difícil viver. Sendo um dos pianistas mais criativos da sua geração, garante um concerto sem guião para esta sexta-feira, no Auditório de Espinho | Academia.
Que diferença faz a música na sua vida?
A música é uma condição de base. Sem ela não seria possível viver, creio. Para mim ela tem o estatuto da respiração, por exemplo.
Porquê o piano? É o instrumento através do qual sente que se consegue expressar melhor?
O piano precedeu-me. Quando nasci, ele já lá estava. Isto porque, do lado materno, integro a terceira geração duma família de pianistas. E assim, força das circunstâncias, o piano acabou por se tornar uma parte do corpo, uma prótese, costumo dizer.
Um concerto a solo de João Paulo Esteves da Silva é “uma viagem de improvisação”. Assim sendo, qual será o ponto de partida para o concerto de sexta-feira, no Auditório de Espinho?
Será uma surpresa, sobretudo para mim. O primeiro som trará os seguintes. Não levo nada previsto, para começar. Depois, na segunda metade do concerto, é muito provável que surjam improvisações sobre temas, composições minhas ou melodias tradicionais.
O que torna o jazz num exercício tão libertador?
No jazz, é mesmo fundamental não se ter medo. E não se ter medo é precisamente uma das condições da liberdade. Com o medo, a liberdade desaparece.
Se pudesse partilhar com o público algo que se desconheça sobre si, o que seria?
Uma pequena curiosidade genética. No lado músico da minha família, conta-se um bisavô que acumulava, com êxito, duas profissões: cantor de ópera e cabeleireiro de senhoras. Para cabeleireiro estou certamente perdido, mas tenho atuado regularmente como cantor, nestes últimos tempos.