Henri Texier: "A música ajudou-nos a sentir que ainda estávamos vivos e que não éramos prisioneiros."


01 de Fevereiro, 2023   /   514
Auditório de Espinho | Academia

Abandonou o piano e começou a dedicar-se ao contrabaixo, explorou novos e diferentes caminhos, estudou oud e percussão, cruzou o jazz com outras linguagens, Henri Texier, contrabaixista francês com 78 anos, e 60 anos de carreira, pisa o palco AdE, este sábado, 4 de fevereiro, pelas 21h30, juntamente com Sébastien Texier, no saxofone alto e Gautier Garrigue, na bateria.

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Onde situa e como descreve o seu jazz?

Para mim, é um jazz universal, porque eu fui influenciado por muitos músicos e por muita música. Aprendi desde muito cedo com os melhores músicos de jazz, como Lee Konitz, Dexter Gordon, Don Cherry, Bud Powel, entre tantos outros que também me influenciaram. Eles disseram-me como tocar jazz e eu aprendi como tocar.  No fundo, é isso o que estou a fazer, há já algum tempo, procurar um som meu, tentando sempre criar música original. O meu jazz de agora não é muito diferente do jazz que tocava e criava quando comecei, porque desde cedo tentei criar um jazz original. E espero que continue a sê-lo.

Podemos, assim, dizer que o jazz é uma contínua descoberta?

O jazz é sempre uma descoberta. Por exemplo, eu escolho os músicos com quem toco e a minha expectativa com eles é descobrir novas formas de tocar, nocas formas de explorar, de ser criativo, novas formas de nos surpreender e de surpreender quem nos ouve. 

Acredito que dependendo do grupo – trio, quarteto, quinteto, sexteto – também descobrimos sempre algo novo. Existe algum formato que prefira dentro de todos aqueles em que já tocou?

Não existe um formato que eu prefira. Primeiro, quando crio um grupo, penso que tipo de música quero tocar, imagino a música e escolho os músicos que eu acho que encaixam nessa música, ou seja, quais eu acho que farão a música soar melhor, ou fazer com que seja mais interessante e espiritual.

Sobre o álbum Heteroklite Lockdown. De onde vem a palavra Heteroklite e como surgiu este disco?

Em francês, significa algo com diferentes cores. Este álbum foi pensado quando estávamos em confinamento por causa do covid-19. Então, eu e o meu filho que vivíamos na mesma vila, em vez de tocar cada um sozinho em sua casa, decidimos juntarmo-nos duas ou três vezes por semana para continuarmos a tocar – não deixar que a música desaparecesse , e estarmos preparados para tocar quando estivéssemos de novo livres. Decidimos, portanto, tocar o que gostávamos, o que imaginávamos a tocar, não tocando o nosso reportório normal. Começamos por tocar algumas referências, composições antigas e novas composições. E assim nasce este álbum, composto por três canções já conhecidas do jazz, três composições minhas, e três novas imaginadas especificamente para o Heteroklite Lockdown

Portanto, num período de incertezas e medo, a música foi uma ajuda, correto? 

A música foi fantástica para nós, ajudou-nos a sentir que ainda estávamos vivos e que não éramos prisioneiros.

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Et voilà! A música como companhia nos momentos mais difíceis, mas também nos mais felizes. Espera-nos um sábado com diferentes cores, diferentes daquelas que o confinamento um dia trouxe.

Os bilhetes para este concerto estão à venda aqui ou na bilheteira local, na Academia de Música de Espinho.

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